Dois anos de Japão e alguns shows pra contar

25 de julho de 2010


Dois anos de Japão e alguns shows pra contar

Heis que surge para mim, ao terminar o segundo grau, pouco mais de 18 anos, a oportunidade de conhecer outro país. Meu padrinho, que mora no Japão, deu a idéia de eu ir pra lá trabalhar e juntar uma grana. Eu, que não tinha nada a perder, acabei topando. Dentro dessa trajetória que durou quase dois anos, fui em alguns shows, que irei detalhar a seguir.

Na semana que cheguei lá, já vi que teria o show que mais me arrependo de não ter ido na vida: Nightwish e Angra (com o Nightwish abrindo para o Angra, por incrível que pareça!). Mas eu, mais perdido que cego em tiroteio, não tinha dinheiro para o ingresso, não saberia onde comprar o ingresso e muito menos como chegar ao local do show (ah, se eu soubesse que essa seria a minha única oportunidade de ver Nightwish com a Tarja Turunen, talvez teria dado um jeito).

Algum tempo sem shows de bandas que eu gostava na região em que eu morava. Depois de um ano de Japão, surge a oportunidade de ver Helloween (que na época eu não conhecia praticamente nada, mas seria o primeiro show de uma banda realmente boa). Pro pessoal que viu os shows do Guns N’Roses e do Ozzy Osbourne no Japão e pensam que o pessoal é tudo parado, vocês é que se enganam: o que mais se ouve lá é realmente o bom e velho rock n’roll (de todos os genêros possíveis) e eles até que agitam legal, não tem como se comparar ao povo brasileiro, mas, acredito é que nós que estravazamos mesmo.

Ingresso comprado. Data do show: dia 03/03/2006, com Primal Fear abrindo, e aquela expectativa de ver o meu primeiro show “grande”. Qual a desculpa no trabalho pra ir ver o show? Ah, tive que buscar meu irmão no aeroporto. Um amigo que também iria no show, simplesmente mostrou o ingresso pro chefe, que achou legal e deu folga pra ele... mas eu não tinha tanta cara-de-pau pra isso.

Chega a data do show, eu e mais três amigos, partindo para o Zepp, em Nagoya. Fila pra entrar local do show: em ordem numérica do ingresso e eles vão chamando pelo número. Local bem pequeno, e o que eu mais temia, que era ter cadeiras numeradas, não aconteceu: podemos curtir o show em pé e agitar, na pior das hipóteses não vamos ficar tão longe. Compramos umas Heinekens (que cerveja japonesa ninguém merece!) e fomos lá pro meio. Pontualmente às 19 horas. Primal Fear sobe ao palco, uma hora de show, muito bom, porém nada comparado com a grande atração da noite.

Termina o show, aparecem as bandeiras alaranjadas no palco, contrastando com a escuridão. Meia hora depois, começa a introdução no violão de The King For a Thousand Years, sendo seguida por Eagle Fly Free, Hell Was Made in Heaven, e The Keeper of the Seven Keys, e os japas cantando em uníssono junto com Andi Deris. Só esse início acho que já teria sido pago o ingresso... algumas outras que posso destacar foram Ocassion Avenue, If I Could Fly, Power e I Want Out, além das brincadeiras de duelos entre os membros da banda. Acredito que o show aqui no Brasil tenha sido bem parecido. Cerca de duas horas e meio depois, fim de show e aquele gostinho de “quero mais!”. Próximo destino: Children of Bodom, no Namba Hatch, em Osaka, dia 24/04/2006.

A desculpa pra esse show eu não me lembro, talvez eu tenha ficado doente. Mas vamos ao que interessa: Osaka já não ficava tão perto do local aonde eu morava, o jeito foi ir de shinkansen, ou melhor, o famoso trem bala. Quarenta e cinco minutos pra uma viagem que duraria mais de duas horas. Chegando lá, mesmo esquema, entrada pelo número do ingresso. Local menor do que aonde foi o show do Helloween, acho que dava pra ser uma sala de cinema aquilo. Heinekens e a espera angustiante de sempre. Dezenove horas as luzes se apagam, começa tocar algo bem estranho, com gaita e coisas do gênero. Japarada se olhando sem entender. De repente, silencio. E, logo, entram os instrumentos com todo o peso do COB, Alexi Laiho gospindo pra cima e aquele FUUUUCK!

Com o passar de umas 3 músicas e a galera se quebrando, consegui ir mais pra frente, deve ter ficado uns cinco metros do palco, impressionado com a capacidade dos integrantes da banda. Acreditem se quiserem, teve até direito de umas rodinhas punk entre os japas.

Som perfeito, presença de palco da banda muito foda, repertório com o que eles tinham de melhor e Alexi Laiho realmente dispensa comentários: não sei como ele consegue tocar daquele jeito e ainda cantar junto...







Felipe Hosomi
felipe_nightwish@hotmail.com

2 comentários:

Rock in City disse...

Hoje tive uma ótima notícia. O Felipe vai continuar escrevendo sobre os shows do Japão!!!

Que a galera continue contribuindo


Marcus V. Carvalheiro

Rock in City disse...

O intercâmbio cultural é fascinante, muito boa a matéria.
Engraçado ver que até mesmo no Rock existe diferenças no comportamento!
Mas o bom mesmo é que o Rock é igual em todo lugar!

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