Dois anos de Japão e alguns shows pra contar PARTE 2

1 de agosto de 2010


13 de Agosto de 2006. Verão. Calor de fritar ovo no asfalto. Summer Sonic Festival. Atração principal: Metallica, com a turnê Escape From Studio 06, que estava sendo feita em comemoração a 20 anos do álbum Master of Puppets. Temperatura: cerca de 40º. Sensação térmica: em chamas! Assim é que introduzo como foi o próximo show: calor extremo e o melhor show da minha vida.

Summer Sonic é um festival de dois dias que ocorre no Japão todo ano, em Osaka e Tokyo, em que eles chamam várias bandas/artistas bem conhecidos, não necessariamente no mesmo estilo. Esse ano, por exemplo, vai ter Jay-Z, The Offspring, Nickelback, Steve Wonder, entre outros. O interessante deste festival é que ocorrem shows pela cidade inteira.
Voltando à 2006, no sábado as atrações principais eram: Hoobastank, Deftones e Metallica, além de Avenged Sevenfold e Stone Sour. No domingo iriam tocar My Chemical Romance, Muse e Linkin Park, entre outros. Fui justamente no sábado, pelo Metallica, óbvio.

Chegamos a Osaka cerca de 10 horas da manhã. Os shows no palco principal começavam às 11 horas. Fomos dar umas voltas no “Moutain Stage” que era onde estava rolando alguns outros shows, ficamos lá um tempo, tomamos algumas “raspadinhas” de Fanta (que é bem tradicional lá e ajuda a aliviar o calor insuportável que estava fazendo no dia). Depois, uma volta no World Trade Center de Osaka, fomos almoçar aquele saudabilíssimo McDonald’s e partir para o palco principal para garantir um bom lugar.

Show do Stone Sour rolando, não me interessava muito, ficamos tomando uns chopps vendo mais à distância, até que criamos coragem e nos enfiamos no meio do pessoal lá pelas 2 e pouco da tarde. Comprei umas 4 garrafinhas de água, achando que ia dar... Esse festival me impressionou ainda mais: japarada se quebrando, rodas punks, moshs, só faltou alguma japinha mostrar os seios... Com o passar dos shows fomos nos enfiando lá mais pro meio, até que no do Hoobastank já estávamos quase na grade. Banda boa, apesar de ser mais pop, foi um bom show. Destaque pra música mais conhecida deles, The Reason, e pro momento em que o vocalista, que é descente de japonês chamou a avó dele ao palco... a velha começou falar e não parava mais, o cara tava quase arrancando o microfone dela.

Próxima banda, Deftones, que na minha modesta opinião, achei horrível. Lembro-me de um momento que o vocalista estava bem na minha frente cantando (berrando), olhou pra mim e eu mostrei o dedo do meio. Acho que se fosse o Axl Rose teria descido e me espancado. Tudo bem, esse não era o meu objetivo. Fim de show. Tinha uns quatro gringos na nossa frente que estavam bem na grade. Eu, achando que eles estavam lá pra ver o Metallica, foram embora. Precisa perguntar se tomamos o lugar? E para meu alívio começa uma leve garoa (minha água já tinha acabado há uns 2 shows atrás).

Som rolando, 19 horas, preparação do palco. Aquela expectativa. Japarada começa berrar: “Metallica, ichi ban!” (Ichi ban significa “número um”, é bastante utilizado como uma expressão, como se fosse “o melhor”). Cerca de uma hora depois os telões ao lado do palco são ligados. Começa ao fundo a já conhecida introdução do show deles, The Ecstasy of Gold. É de arrepiar. Iniciam com Creeping Death. Um terceiro telão que cobre o fundo do palco acompanha os integrantes da banda. Continuam com Fuel, Wherever I May Roam e For Who The Bell Tolls (com a apresentação do Trujillo, destruindo no baixo). Solo de guitarra do Kirk. Solo de violão do James. Dão uma acalmada com The Unforgiven.

A seguir, James anuncia que vão tocar o Master of Puppets inteiro. Começam com Battery e Master of Puppets, com a capa do álbum no telão ao fundo. Depois seguiram com The Thing That Should Not Be, Sanitarium (uma das melhores do show, passando imagens psicodélicas no telão enquanto era tocada), Disposable Heroes e Leper Messiah. Solo do Trujillo, seguida por Orion, no qual ficou uma foto de Cliff Burton no telão durante a música inteira. Fechando o Master, tocaram Damage, Inc.

Uma sequência de clássicos para encerrar o show: Sad But True, seguido por outro solo do Kirk, Nothing Else Matters e One. Eu não sabia pra onde olhar. James com a ESP Explorer com aquele material parecido com assoalho de ônibus bem na minha frente. Kirk um pouco mais ao lado fazendo o solo de Enter Sandman. Trujillo dando aqueles giros loucos pelo palco. Lars destruindo na bateria e fazendo as caretas habituais. James anuncia uma música nova, chamada “The Other New Song”, que acho que algumas partes dela foram reaproveitadas no Death Magnetic. Terminando esta, James pergunta: “Vocês querem mais? Vocês realmente querem mais?”. E depois de mais de duas horas de show, iniciaram Seek And Destroy.

Eu já poderia ir embora feliz. No agradecimento ao público, Kirk joga umas palhetas. Uma delas está guardada comigo de recordaçã. Fim de show e um ser humano realizado. Como nem tudo são rosas e a lei de Murphy age até do outro lado do mundo, ao voltar, não tinha mais trem para Nagoya. O jeito foi dar uma de mendigo e dormir na estação... mas valeu a aventura!




Felipe Hosomi
felipe_nightwish@hotmail.com

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